Como o modo ‘fazedor’ pode estar limitando sua capacidade de inspirar outros

Agenda lotada, multitarefa, sempre na correria e sem tempo para um respiro. Esses são os males dos tempos modernos. Parece que precisamos sempre estar no modo “fazedor” para se sentir produtivo. E se parar para meditar, ou não fazer nada – ou ainda, “simplesmente ser” – parece algo impossível, você precisa entender mais profundamente como complementar ambos conceitos para trazer mais equilíbrio em sua vida.

“Ser” e “fazer” são dois aspectos fundamentais da experiência humana, frequentemente vistos como opostos, mas que, na verdade, se complementam de maneira essencial. Em nossa sociedade, onde o “fazer” geralmente ocupa o centro das atenções e é valorizado como sinônimo de produtividade e sucesso, o “ser” acaba muitas vezes esquecido. No entanto, esses conceitos estão intrinsecamente ligados e, quando explorados em conjunto, proporcionam uma vida mais plena e equilibrada. Além disso, aprender a “ser” e a “fazer” de forma harmoniosa é um processo que não só enriquece nossa própria experiência de vida, mas também nos torna melhores como mentores e guias para os outros.

Mas afinal, o que é “ser”? O “ser” representa um estado profundo de presença, aonde não há necessidade de parecer qualquer coisa que você não é, nem fazer algo para mudar o momento presente. Ou seja, é um lugar de autenticidade e essência, que, como sugere o autor e professor de Mindfulness Jon Kabat-Zinn, nos permite habitar plenamente o momento presente sem julgar ou tentar modificar o que somos naquele instante. Kabat-Zinn (1994) enfatiza que o “ser” é a base de qualquer prática de atenção plena, pois nos permite estar em contato com nossa realidade interna, com nossas emoções e pensamentos, sem que estes nos definam. Esse estado de “ser” é, portanto, uma forma de sabedoria e auto-aceitação que serve como um alicerce para o “fazer”, o qual, por sua vez, se torna uma manifestação autêntica do que somos.

Por outro lado, o “fazer” é a maneira pela qual atuamos no mundo, utilizando nossas habilidades para realizar tarefas, atingir metas e transformar ideias em realidade. Esse aspecto é o que nos conecta ao ambiente externo e nos permite contribuir para o nosso desenvolvimento e para a sociedade. No entanto, quando o “fazer” ocorre de forma desconectada do “ser”, corre-se o risco de perder o propósito e a qualidade do que fazemos. Daniel Goleman (1995), em seu estudo sobre inteligência emocional, aponta que o verdadeiro sucesso em qualquer atividade envolve não só a competência técnica, mas também a conexão emocional e a presença consciente. Dessa forma, o “fazer” se torna mais significativo quando é motivado pela autenticidade do “ser”.

No processo de experienciar e ensinar, esses conceitos se entrelaçam de maneira única. Experienciar é o ato de vivenciar o “ser” no “fazer”, é colocar-se em situações que desafiam, transformam e testam nossos limites. Esse processo não apenas amplia nosso entendimento sobre o mundo, mas também nos ajuda a construir uma relação autêntica com nossa própria essência. Ao experienciar a vida de forma consciente e aberta, acumulamos sabedoria que vai além do conhecimento teórico, o que é essencial quando se trata de ensinar, ou retransmitir.

Ensinar (seja você um instrutor de Mindfulness, um tutor, um líder ou um amigo culto), portanto, não é apenas transmitir conteúdo, mas também compartilhar experiências de “ser” e “fazer”, ou seja, retransmitir insights autênticos e na essência. Quando ensinamos de maneira conectada, possibilitamos que outros não apenas adquiram habilidades práticas, mas também encontrem significado e propósito em suas ações. Parker Palmer (1998), educador e autor, descreve o ato de ensinar como uma vocação que exige coragem, pois envolve o compartilhar de quem realmente somos. Esse processo não é unilateral; ele é transformador tanto para quem ensina quanto para quem aprende, pois ambos exploram juntos os significados de “ser” e “fazer”.

Adotar essa abordagem ao ensinar e aprender exige um estado de vulnerabilidade e abertura, que muitas vezes é visto como um desafio. No entanto, essa prática enriquece profundamente a experiência educacional, tornando-a um caminho de autodescoberta para todos os envolvidos. Em um cenário de ensino tradicional, onde o foco geralmente está no “fazer” — isto é, na execução de tarefas e no alcance de objetivos mensuráveis — trazer o “ser” à tona significa convidar o aprendiz a integrar valores, emoções e reflexões em seu processo de aprendizado.

Assim, integrar “ser” e “fazer” em nossa vida e em nossa forma de ensinar é essencial para uma existência significativa e para o desenvolvimento de uma aprendizagem transformadora. Essa abordagem propicia um ambiente em que não apenas realizamos nossas tarefas de forma consciente e com propósito, mas também ajudamos outros a encontrarem um caminho autêntico para sua própria realização. Ao cultivarmos essa prática, nos tornamos mais presentes e disponíveis, tanto para experienciar a vida em sua plenitude quanto para servir como guias no processo de autodescoberta e crescimento dos outros, promovendo um ciclo virtuoso de aprendizado e transformação contínuos.

Esse e outros conteúdos do modo “ser” são retransmitidos em nossa linda jornada de Formação de Mindfulness.
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Escrito por

Dani Wang Formadora de Instrutores de Mindfulness. Mentora e Life Designer. Autora best-seller. Fundadora do Flow of Life.

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