Uma introdução completa ao Mindfulness, este universo milenar e extraordinário!

Afinal, praticar Mindfulness é ou não é meditar? Se você acredita que Mindfulness é uma técnica que “apenas” lhe ajuda a gerenciar o estresse ou à dormir, você precisa conhecer mais as raízes e o poder dessa arte milenar! Nesse artigo você aprenderá de forma completa e profunda a diferença e sobreposição entre Mindfulness e meditação.

 

O que é meditação? 

A palavra “meditação” vem do latim meditare, que significa estar em seu centro, desligando-se do exterior e imergindo a atenção em si mesmo. A prática, que utiliza técnicas para focar a mente em algum objeto, pensamento ou atividade em particular, tende a alcançar um estado de clareza mental e emocional, levando a pessoa a testemunhar os seus próprios pensamentos para que o seu fluxo seja então reduzido.

A história da meditação remonta a milhares de anos, tendo suas raízes em diversas culturas antigas espalhadas ao redor do mundo. Embora as práticas e técnicas variem, a essência da meditação está enraizada na busca pela consciência, tranquilidade e iluminação.

As primeiras evidências de meditação remontam a civilizações antigas, como a Índia e a China. Na Índia, a meditação começou a ser desenvolvida por volta de 1500 a.C., sendo documentada nos Vedas, escrituras sagradas do hinduísmo. Nessas escrituras, encontramos descrições de técnicas de meditação, incluindo a concentração da mente em um único objeto, como uma chama de vela ou um mantra (som sagrado). Essas práticas tem como objetivo atingir um estado de paz interior e unificação com o divino.

Na China, a meditação também tem uma longa história. O taoismo, uma filosofia e religião chinesa, enfatiza a harmonia com a natureza e o equilíbrio entre o yin e o yang. A meditação taoísta envolve o cultivo da energia vital, conhecida como qi ou chi, por meio de práticas como a respiração consciente, o movimento lento e a quietude mental.

No budismo, que se originou na Índia no século VI a.C., a meditação desempenha um papel central. O próprio Buddha Siddhartha Gautama alcançou a iluminação através da prática da meditação debaixo de uma árvore figueira, tornando-se um exemplo para os seguidores do que depois veio a se dogmatizar como ‘budismo’. Dos discursos de Buddha, nascem muitas formas de desenvolver a compreensão, a compaixão e a libertação do sofrimento, incluindo o Mindfulness (Atenção Plena), da qual voltaremos a explorar em breve neste artigo…

Ao longo dos séculos, destes berços a meditação foi se espalhando por todo o mundo, influenciando diferentes tradições religiosas e espirituais. Por exemplo, no cristianismo, há uma longa tradição de contemplação e oração silenciosa, com praticantes como os monges beneditinos e os místicos cristãos. No Islã, a meditação é conhecida como “dhikr” e envolve a repetição de nomes sagrados de Alá para alcançar a proximidade divina.

Nos tempos modernos, a meditação ganhou um interesse renovado fora do contexto religioso. No final do século XIX, surgiu na Índia uma figura chave, chamada Swami Vivekananda, que popularizou a meditação no Ocidente. Ele participou do Parlamento Mundial das Religiões em Chicago, em 1893, e apresentou a meditação como uma prática benéfica para a mente, o corpo e o espírito.

Nas décadas seguintes, a meditação ganhou popularidade em diferentes formas, como a meditação transcendental, introduzida pelo guru indiano Maharishi Mahesh Yogi nos anos 1950. A meditação transcendental envolve a repetição de um mantra pessoal para alcançar um estado de quietude mental e relaxamento profundo.

 

O berço de Mindfulness  

Agora que lhe apresentamos algumas diferentes vertentes da meditação, vamos ao princípio da história de Mindfulness, prática esta que continua crescendo e se desenvolvendo com o passar dos anos. 

Um dos conceitos centrais do ensinamento de Buddha, especialmente nas tradições Theravada e Mahayana, é o Caminho Óctuplo, descrito como o caminho para alcançar a iluminação ou o despertar espiritual.

O Caminho Óctuplo consiste em oito aspectos essenciais e interligados que são:

  1. Visão correta: ter uma compreensão correta da realidade, especialmente em relação às Quatro Nobres Verdades, que são: a existência do sofrimento, a origem do sofrimento, a cessação do sofrimento e o caminho para a cessação do sofrimento.
  2. Intenção correta: desenvolver uma intenção correta, baseada no desapego, compaixão e generosidade, evitando a avareza, a raiva e a crueldade.
  3. Fala correta: falar de forma honesta, compassiva e útil, evitando a mentira, a fofoca, o discurso rude e prejudicial.
  4. Ação correta: agir de maneira ética e compassiva, evitando prejudicar os outros, incluindo não matar, não roubar, não cometer má conduta sexual e não usar substâncias intoxicantes.
  5. Modo de vida correto: escolher uma profissão ou estilo de vida que seja consistente com princípios éticos e não prejudique os outros.
  6. Esforço correto: cultivar a disciplina mental e física, praticar a meditação e esforçar-se para eliminar os estados mentais negativos e cultivar os positivos.
  7. Atenção plena correta: desenvolver uma consciência clara e presente do momento presente, observando os pensamentos, as sensações e as ações com uma mente calma e equânime.
  8. Concentração correta: cultivar a concentração mental profunda e estável através da meditação, permitindo uma compreensão mais profunda da natureza da realidade e do alcance da iluminação.

Esses oito aspectos do Caminho Óctuplo são considerados interdependentes e se fortalecem mutuamente. Ao seguir o Caminho Óctuplo, os praticantes desenvolvem sabedoria, compaixão e uma mente tranquila, enquanto trabalham para superar o sofrimento e alcançar a liberação espiritual.

O termo em inglês “Mindfulness” ou em português “atenção plena” ou “consciência plena”, são traduções contemporâneas para este antigo conceito apresentado no Caminho Óctuplo. Se explorarmos o significado em Páli, uma antiga língua indiana, do termo raíz “Sati”, uma melhor tradução seria “relembrar”. O que nos traz a seguinte reflexão: estamos relembrando de estar com a atenção plenamente no aqui e agora?

Isso explica a habilidade que fortalecemos ao praticar Mindfulness: resgatamos nossa capacidade de estar atento e presente no momento presente, observando os acontecimentos externos sem julgamento, e cientes do impacto que gera em nós, fazendo surgir sensações corporais, pensamentos e sentimentos. Um treinamento contínuo de Atenção Plena sobre o mundo percebido. Aqui no Flow of Life, utilizamos o termo de “Consciência Plena”, pois entendemos que além de desenvolvermos a capacidade perceptiva sensorial, podemos cultivar uma percepção clara e aberta do universo sutil e além do visível que também está presente no aqui e agora. E é este aprofundamento que nos guia para a liberação do sofrimento e despertar espiritual. Profundo, não?! 

 

Mindfulness na Atualidade & Neurociências 

Com todo esse poder milenar por trás de simplesmente “parar e respirar”, a ciência passa a estudar a meditação, após o pesquisador americano e professor de medicina Jon Kabat-Zinn desenvolver nos anos 70 o primeiro programa de Mindfulness: MBSR (Redução do Estresse Baseado em Mindfulness), que integra práticas de mindfulness em um contexto secular, ou seja, desvinculado de qualquer afiliação religiosa, visando a melhoria da saúde e o bem-estar geral de seus pacientes que sofrem de dores crônicas. Kabat-Zinn contribuiu amplamente ao trazer a Atenção Plena para o campo da medicina e da psicologia, defendendo a integração de práticas contemplativas no cuidado da saúde e na promoção do bem-estar emocional.

Com uma visão mais ampla e distinta de religião as práticas meditativas, incluindo Mindfulness, tem sido objeto de estudos na área da neurociência, e várias pesquisas têm fornecido evidências sobre os efeitos no cérebro e no funcionamento cognitivo. Algumas das principais descobertas e evidências da neurociência em relação ao mindfulness são:

  1. Plasticidade cerebral: Estudos mostraram que a prática regular de Mindfulness pode levar a mudanças estruturais e funcionais no cérebro. Por exemplo, pesquisas utilizando ressonância magnética funcional (fMRI) demonstraram que a prática de Mindfulness está associada a um aumento da atividade em áreas do cérebro relacionadas à regulação emocional, atenção e autorregulação.
  2. Redução do estresse e ansiedade: A prática de Mindfulness tem sido associada à redução do estresse e da ansiedade. Estudos utilizando fMRI e outras técnicas de imagem cerebral mostraram uma diminuição da atividade em regiões do cérebro associadas à resposta ao estresse e ao processamento negativo das emoções. Além disso, foi observado um aumento da atividade em áreas relacionadas à regulação emocional e à tomada de decisões mais assertivas e melhora na  perspectiva de vida. 
  3. Aumento da atenção e concentração: A prática de Mindfulness têm demonstrado melhorias na atenção e concentração. Estudos mostraram que a prática regular de Mindfulness está associada a mudanças na atividade cerebral relacionadas ao controle atencional, aumentando a capacidade de concentração e a habilidade de direcionar a atenção para o momento presente.
  4. Melhoria da regulação emocional: A prática de Mindfulness tem mostrado efeitos positivos na regulação emocional. Pesquisas sugerem que o treinamento em Mindfulness pode ajudar na diminuição da reatividade emocional, promover a habilidade de observar as emoções sem julgamento e aumentar a resiliência emocional.
  5. Bem-estar e qualidade de vida: Estudos têm indicado que a prática de Mindfulness está associada a melhorias no bem-estar geral e na qualidade de vida. Pesquisas têm encontrado correlações entre a prática de Mindfulness e maiores níveis de satisfação com a vida, resiliência, empatia e autoestima.

E também, é válido ressaltar que a neurociência ainda está em constante evolução e há muito mais a ser descoberto sobre os efeitos do Mindfulness no cérebro e no funcionamento humano. No entanto, as evidências até o momento sugerem que a prática de Mindfulness pode ter benefícios significativos para a saúde mental, emocional e cognitiva. Alguém que pratica ainda tem dúvida disso?

Graças aos protocolos internacionais, os estudos do efeito do Mindfulness estão avançando em como ajudar as pessoas a lidar com o estresse, a dor crônica, a ansiedade, a depressão e outros desafios relacionados à saúde mental e bem-estar. 

Tanto o conhecido protocolo MBSR, quanto o MBCT (Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness) são programas estruturados de oito semanas que combina meditação, práticas corporais suaves (como o yoga), e instruções sobre como aplicar a atenção plena no cotidiano. Eles requerem um comprometimento dos participantes em praticar Mindfulness regularmente para gerar resultados de autorregulação emocional, reduzir o estresse e aumentar a resiliência e trazer evidências científicas que respaldam sua eficácia, incluindo em situações de gerenciamento da dor e prevenção de recaídas depressivas. Essas abordagens têm sido integradas em diversas áreas, incluindo a medicina, a psicologia clínica e a promoção do bem-estar, sendo amplamente utilizadas em hospitais, clínicas e frequentemente recomendado como uma abordagem complementar ou alternativa ao tratamento farmacológico e psiquiátrico em todo o mundo.

E atrás das estruturas de pesquisas, encontramos grandes pensadores! Temos hoje algumas referências de nomes no campo da espiritualidade, ciências e negócios, que, embora venham de tradições diferentes, influenciaram e seguem influenciando a história do Mindfulness no Brasil e no mundo em um contexto contemporâneo. Alguns enfatizam a importância do cultivo da compaixão e do despertar espiritual como caminhos para a transformação pessoal e a criação de um mundo mais harmonioso. Cito alguns deles: 

  1. Thich Nhat Hanh: Foi um monge budista vietnamita, poeta, autor e ativista pela paz. Ele é um dos líderes mais conhecidos do movimento “budismo engajado”, que promove a aplicação dos ensinamentos budistas na transformação pessoal e social. Thich Nhat Hanh é amplamente reconhecido por popularizar a prática da atenção plena e trazer a sabedoria budista para o público ocidental. Ele enfatizava a importância da plena consciência no momento presente, da compaixão e da interconexão de todos os seres.
  2. Dr. Marcelo Demarzo: Médico pela USP e possui pós doutorado em Mindfulness (Atenção Plena) e Saúde pela Universidad de Zaragoza (Espanha), ele é fundador e atual coordenador do Centro Brasileiro de Mindfulness e promoção da saúde-mente aberta, braço acadêmico da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. Referência de estudos científicos de Mindfulness no Brasil. 
  3. Lama Jangchub Reid: É professor de meditação desde 1973 e estabeleceu a casa Namgyal, em Botucatu (SP).  Em 2013, iniciou o curso de formação de instrutores de Mindfulness, oferecido pelo Mindfulness Trainings International (MTI), fundado por ele. Além disso, é membro fundador da Rede Abramind de Mindfulness. 

E claro, que temos mulheres de grande influência: 

  1. Ellen Langer: É professora de psicologia na Universidade de Harvard e autora de vários livros populares. Psicóloga social americana conhecida por suas pesquisas pioneiras e influentes na área da psicologia do envelhecimento, tomada de decisão e Mindfulness. Seu trabalho está centrado na compreensão do papel da consciência e da atenção plena na vida cotidiana e no envelhecimento, onde ela propõe a teoria do “mindfulness rígido versus mindfulness flexível”, argumentando que, ao cultivar uma abordagem mais informal e cotidiana com abertura às experiências, já é possível aumentar o bem-estar e a qualidade de vida. Embora Ellen Langer não esteja diretamente associada ao desenvolvimento de programas específicos de mindfulness, suas pesquisas ajudaram a trazer a atenção plena para o domínio da psicologia e da saúde.
  2. Danielle Wang: é uma ex-executiva que sofreu de burnout e dedica seus estudos e carreira desde 2015 para promover Mindfulness para o autodesenvolvimento, bem-estar e despertar da consciência. É autora do livro “Consciência Plena: Empreenda com Mindfulness e Propósito” e oferece formação de instrutores de Mindfulness pela Mindfulness Trainings International (MTi). 

Sua Escola de Consciência Plena, o Flow of Life, é um destaque hoje no Brasil com seu pioneirismo e inovação que une a profundidade da sabedoria milenar com formas acessíveis e práticas de absorver os ensinamentos, incorporando-os facilmente no cotidiano. Ciente do desafio de manter a disciplina da prática, Dani Wang desenvolve uma jornada contínua de aprendizado, oferecendo cursos para iniciantes, retiros de aprofundamento e formação de instrutores incluindo o MBA (Mindfulness baseado na Abundância). Sua trajetória corporativa oferece uma linguagem extraordinária para introduzir e manter treinamentos de saúde mental nas empresas.

Que tal começar a praticar AGORA mesmo? Venha conosco aprender a arte de ‘relembrar’ a sua essência e potência! Nossa escola Flow of Life, está de braços abertos para te acolher.

Clique aqui para saber como podemos te ajudar:  www.flowoflife.co

 

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Dani Wang Formadora de Instrutores de Mindfulness. Mentora e Life Designer. Autora best-seller. Fundadora do Flow of Life.

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