Mindfulness, vale a pena?

Mindfulness, vale a pena? Este termo vem sendo muito falado ultimamente e particularmente no último ano devido a pandemia e seus efeitos na saúde mental. Com todo este buzz muitos mitos e erros de interpretação também acontecem a respeito do termo Mindfulness.

Os principais mitos são:

  • a mente ficará vazia;
  • você precisa sentar em posição de lótus (tipo Buda);
  • precisa praticar  e em algum lugar paradisíaco;
  • é como uma pílula mágica que te deixará zen e relaxado.

Tudo isso é mito, Mindfulness não esvazia a mente, mas sim, a treina para que você esteja consciente do momento presente da forma como ele se apresenta.

As mentes nunca se esvaziam, assim como o mar nunca fica sem água. Você pode praticar em qualquer lugar a qualquer tempo e até de pé 😉

Não é uma pílula mágica, mas um processo mágico que traz inúmeros benefícios e um deles é te empoderar dando mais equilíbrio e autoconsciência para lidar com os desafios que a vida lhe apresenta.

Eu comecei a introduzir o hábito de Mindfulness há 10 anos atrás pelas dicas de um terapeuta que me ensinou algumas práticas para trazer minha mente para o momento presente e diminuir minha divagação mental, um dos sintomas que a  TAG (transtorno de ansiedade generalizada) causava em mim.

Provavelmente este terapeuta já havia estudado os malefícios que uma mente divagante causa. Segundo uma pesquisa da neurocientista Sara Lazar “49% do tempo estamos divagando e isto trás infelicidade.”

Minha primeira intenção nesta sessão de terapia era diminuir minha ansiedade generalizada que me causava muitos males como tremedeira, cacoetes, dores musculares, falta de memória, sensação de sempre estar faltando algo, pre ocupação excessiva, entre outros.

Quando comecei a praticar não tinha idéia da transformação que o hábito de Mindfulness causaria na minha vida a curto, médio e longo prazo. Apenas confiei no terapeuta e comecei a praticar mais informalmente até do que formalmente.

Informalmente a prática é incorporada à sua rotina sem que você tenha que parar para praticar. Você só tem que continuar fazendo o que costuma fazer, mas treinando sua mente para estar atento ao que está fazendo naquele momento e desligando o piloto automático.

Alguns exemplos de práticas informais é tomar banho mantendo sua mente nas sensações corporais que estão acontecendo no momento como temperatura, aroma, sensação da água no corpo, em todo o processo de se dar banho de forma não automática.  Assim como quando você caminha (observar seu corpo em movimento, cada novo passo), ou quando lava louça (sentir a temperatura da água, o cheiro do detergente, o peso e textura dos pratos)…

Para quem era ansiosa como eu estas práticas foram fundamentais para que eu pudesse começar a incorporar o hábito de Mindfulness na minha vida pois ficar parada concentrada prestando atenção a minha respiração ou ao meu corpo, como as práticas formais exigem, era um desafio imenso.

As práticas formais se somam ao processo e são fundamentais mas “exigem” um pouco mais pois você precisará adicionar a sua rotina paradas de 5/10/15 ou mais minutos para ficar prestando atenção a sua respiração, seu corpo, seus sentimentos, pensamentos e emoções e de preferência sem ser interrompido.

E então, assim como quando eu decidi adicionar o hábito de ir para uma academia treinar meus músculos do corpo eu comecei a praticar o Mindfulness, que é também um treino mas da mente para que você desligue o piloto automático e viva o momento presente.

Mesmo depois de anos de prática continuo percebendo novos benefícios que vão se somando a minha vida, como por exemplo: passei a ter memória novamente, mergulhei fundo no meu autoconhecimento, aumentei minha capacidade de gerenciamento emocional, passei a não reagir mais impulsivamente, percebo rapidamente quando preciso de autocuidado, minha ansiedade diminuiu muito e tenho a habilidade de sentir compaixão por mim e pelos outros.

Mas tudo é um processo. Não existe milagre. Para a lagarta virar borboleta ela não precisa de um milagre mas de um processo.

O que são 10 anos de um processo que me fez chegar a minha melhor versão na vida perto de 80 anos de uma existência. Tudo isso vale muito a pena. E é por isso que me tornei instrutora de Mindfulness, para ajudar mais e mais pessoas a entender que vale a pena viver o processo, viver o momento presente e ter uma vida Mindful. 

 

 

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É Instrutora de Mindfulness certificada pelo Centro Mente Aberta/UNIFESP. Possui certificação do Programa Paws B-7 a 11 anos pela Mindfulness in Schools Project da Inglaterra e possui certificação do Programa Mindfulness Foundations pela Mindful Schools /USA.

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